sábado, 31 de março de 2012

Terrorismo e globalização

São muitos os autores que encaram o 11 de Setembro como um ponto de viragem na história mundial. Apesar de o terrorismo ser uma realidade quase tão antiga como a humanidade – pelo menos se o conceito for interpretado na sua versão mais ampla – e de já ser uma preocupação da comunidade internacional no século XX, que levou inclusive à formação de legislação antiterrorista, a partir dos atentados contra os Estados Unidos em 2001 o problema saltou para o topo da agenda internacional de muitos países.

Desde logo ficou clara a vulnerabilidade da única superpotência do mundo perante uma forma de 'guerra' tão fácil e de difícil contorno como o suicídio. Ficaram também a nu as fragilidades da globalização - que o mundo moderno e, sobretudo, ocidental se orgulhava de liderar -, bem como os 'buracos' dos sistemas de defesa dos países com grandes arsenais militares.

Um mundo cada vez mais global e sem fronteiras é o terreno ideal para organizações que procuram fugir das autoridades. Através da Internet, é possível às redes terroristas estarem em todo o mundo, organizar atentados com discrição, mudar mentalidades e, inclusive, aprender a fazer bombas de forma fácil e barata.

Legenda: Ataques do 11/9. Créditos: http://filipspagnoli.wordpress.com
 Os terroristas estão disseminados por todos os continentes, sobretudo nos países que atacam, e não raras vezes são jovens que cresceram em sociedades que os marginalizam e que não lhes dão emprego. Esta discriminação agravou-se com muitas das medidas tomadas no âmbito da luta contra o terrorismo após o 11/9. Num primeiro momento, foi o presidente norte-americano a fazer uma divisão entre amigos e inimigos. Entretanto, se alguns ocidentais chegaram a mudar de carruagem num comboio ao verem um muçulmano, as próprias autoridades também não assumiram um comportamento exemplar, com, por exemplo, muitos responsáveis pela segurança de aeroportos a mostrarem-se demasiado desconfiados perante crentes em Maomé.

Em cenários destes, muitas jovens muçulmanos – inspirados por outros exemplos e aliciados por organizações como a Al-Qaeda - encontram algum sentido para a sua vida em causas como a Jihad Menor, que garante o estatuto de heróis aos suicidas islamistas. Só assim se perceber porque é que o ataque de 7 de Julho em Londres foi levado a cabo por indivíduos que nasceram no Reino Unido.

Apesar desta discriminação que se acentuou no início do XXI, é  preciso ter em conta que as divisões entre mundo ocidental e mundo muçulmano são antigas. Basta recordar, por exemplo, o apoio dos EUA a Israel na ocupação da Palestina, algo reprovado pelos muçulmanos. João Marques de Almeida frisa que se existem causas que explicam o aparecimento da Al-Qaeda, “elas resultam em larga medida de erros políticos das potências ocidentais no Médio Oriente” e de “graves problemas económicos e políticos que afectam as sociedades muçulmanas”. Dando mais um passo atrás na história, vê-se a queda do Império Otomano e a perda do domínio muçulmano no mundo. José Anes realça, a este propósito, que a “humilhação é a palavra-chave para se compreender as motivações profundas dos terroristas religiosos e islamistas em particular”. (AAVV, 2007, p. 173).

A par desta dicotomia é ainda possível falar de outras, como a que afasta países pobres de ricos. José Anes destaca que, “depois da falência das grandes ideologias laicas”, uma “superestrutura religiosa fundamentalista radical” surge como “a última reserva de identidade resistente face às injustiças sociais, económicas e político-militares e face à ameaça cultural e religiosa ocidental” (ibidem).
Por tudo disto, Alcino Cruz alerta que “todos os países ocidentais podem ter a certeza de que não terão descanso (…) até que os propósitos do Islão sejam concretizados”, ou seja, até que o Islão se espalhe por todo o mundo (Cruz, 2002, p. 34).

Esta realidade permite perceber o que levou Samuel P. Huntington a defender em 1993 que o choque de civilizações iria dominar a política internacional após o fim da Guerra Fria.

Referências bibliográficas:

  • AAVV (2007), Religiões e Política Mundial, Lisboa, Público e Universidade Autónoma de Lisboa. 
    CRUZ, Alcino (2002), O pensamento e a humilhação das mulheres da fé islâmica, Lisboa, Campo Grande Editora.
     

 

domingo, 25 de março de 2012

"As guerras também se inventam?"


Deixo-vos abaixo um artigo de opinião, que podem encontrar na Courrier internacional deste mês, um tanto pertinente.



«As guerras também se inventam?

Nos anos 60, Che Guevara lançou uma palavra de ordem antiamericana que ficou célebre: “É preciso criar um, dois, três Vietnames…” Meio século depois, Washington parece apostado em criar não um mas vários Iraques, senão diversos Afeganistões. É certo que a perspetiva de um Irão com capacidade nuclear é assustadora, mas há qualquer coisa de familiar no bombardeamento mediático sobre o país dos ayatollahs. A Agência Internacional para a Energia Atómica (AIEA) ainda não encontrou provas de que o país esteja, de facto, a construir bombas nucleares. Os serviços secretos ocidentais também não. Mas EUA e EU avançaram já com sanções (que atingem mais o povo iraniano que a clique dirigente), enquanto a marinha norte-americana ocupa o Golfo Pérsico. Supostamente, Saddam Hussein tinha armas de destruição maciça e, por isso, foi invadido pelos EUA em 2003. Os inspectores da ONU nunca as tinham conseguido encontrar e, uma vez que o país ocupado e o ditador derrubado, nem a CIA, nem as tropas especiais americanas lhes descobriram o rasto. Em contrapartida, o país ficou destruído, libertaram-se os demónios da violência sectária e subverteram-se os equilíbrios geoestratégicos do Médio Oriente.

O paralelo entre o Irão de Ahmadinejad e o Iraque de Saddam salta à vista, mas vale a pena recontar a História dos últimos 60 anos. Em 1953, com a vitória do republicano Eisenhower nos EUA e o regresso ao poder dos conservadores britânicos (chefiados por Churchill), os serviços secretos dos dois países montaram um golpe de estado no Irão para afastar o Governo nacionalista de Mossadegh que ousara pôr em causa o monopólio das companhias petrolíferas inglesas. O ditador “inventado” pelo Ocidente foi o Xá da Pérsia, que conseguia incompatibilizar-se com os republicanos laicos e com os fundamentalistas xiitas. A revolução que o derrubou em 1979 degenerou num Estado teocrático e humilhou os EUA, fazendo reféns durante 444 dias os funcionários da embaixada em Teerão. A partir de 1980, americanos, franceses e ingleses armaram o Iraque laico e republicano de Saddam (que era uma ditadura sinistra mas para o caso servia) contra o Irão dos ayatollahs. O banho de sangue durou oito anos e ninguém ganhou. Irritado por ter arruinado o país, não ter conquistado território e não ter recebido compensações ocidentais, Saddam invadirá o Kuwait em 1990. Consequência directa: a I Guerra do Golfo, em 1991. A presença de tropas dos EUA em território saudita contribui para exasperar um então ilustre desconhecido que fora aliado circunstancial da CIA na guerrilha movida pelos mujahedins afegãos aos invasores soviéticos. Chamava-se Bin Laden e fundou a AL-Qaeda. O resto da sua biografia é do conhecimento geral.

Será que o Irão xiita de Ahmadinejad menos respeitador dos direitos humanos do que a Arábia Saudita (potência sunita apoiada pelos EUA) que lhe disputa a hegemonia regional? Será mais difícil conviver com um futuro Irão nuclear do que uma Coreia do Norte paranóica ou um Paquistão apertado entre a ameaça constante de golpe militar e a cumplicidade com os talibãs e a Al-Qaeda? Tem Israel, que, ao contrário do Irão, não assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, o direito de possuir bombas atómicas e de fazer ataques preventivos ao Iraque (1981) e à Síria (2007) para estes não as desenvolverem?

Na vizinha Síria, onde a Primavera Árabe luta por se impor, com a Rússia e China a protegerem escandalosamente um ditador assassino, a ONU vai finalmente intervir com armas? Ou preferirão os serviços secretos ocidentais, o Qatar e a Arábia Saudita armar uma guerrilha fundamentalista sunita para derrubar um Al-Assad apoiado pelos xiitas de Teerão? Foi assim em 1980 no Afeganistão contra os soviéticos e todos sabemos como a história (ainda não) acabou.»

sábado, 24 de março de 2012

Curso de Informações e Segurança

Recomendamos vivamente o curso de Informações e Segurança que terá lugar no ISCSP já a partir de 16 de Abril, até porque como alunos de Relações Internacionais tivemos a cadeira com o mesmo nome leccionada exactamente pelo mesmo Professor, que abre agora esta oportunidade de aprendizagem a pessoas que não estejam integradas no mestrado.

Nesta formação é possível perceber como são tomadas certas decisões ao nível das Informações Estratégicas – tão úteis para Estados e outros tipo de entidades, como empresas – e Informações de Segurança e ainda aprender técnicas de procura e de análise próprias dos Serviços de Informações e de serviços privados de Intelligence.

Pode obter mais informações sobre o curso aqui.

quarta-feira, 21 de março de 2012

"Ouro Azul: A Guerra Mundial pela Água"

A água, esse bem escasso, e essencial à natureza humana, será causa de conflito no decorrer do presente século. Este recurso natural, desproporcionalmente distribuído, tem sido nos últimos tempos, e será nos próximos, a razão pela qual homens defrontam-se, pela sobrevivência.

Desde finais do século XX que assistimos a conflitos regionais, especialmente em África e no Médio Oriente, com repercussões internacionais, nomeadamente ao uso, domínio e direitos sobre a água.

Aquilo que deveria ser um direito humano, «(…) um pré-requisito para que os outros direitos humanos sejam possíveis», como menciona a Amnistia Internacional, não é reconhecido como tal no 6º Fórum Mundial da Água, que decorreu em Marselha, no presente mês.

São vários os estudos relativos à escassez da água e seus efeitos na vida humana. As alterações não têm apenas impacto ambiental, mas também político, económico, tecnológico e sanitário. A segurança humana é colocada em causa!

Segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano, “Escassez de água — riscos e vulnerabilidades associados”, o grau de risco de escassez de uma dada região é calculado através da equação água/população. Como tal adoptaram que 1.700 metros cúbicos por pessoa seriam o limiar mínimo nacional para responder as várias necessidades. Estipularam ainda que uma disponibilidade inferior a 1000 metros cúbicos representa uma situação de escassez de água, e que inferior a 500 metros cúbicos, escassez absoluta.

Cerca de 700 milhões de pessoas, de 43 países, vivem abaixo do limiar mínimo, ou seja vivem em situação de carência de água. Estima-se que em 2025, mais de 3 mil milhões de pessoas viverão em países sujeitos a pressão sobre os recursos hídricos, dos quais, 14 países se encontrarão numa situação de escassez efectiva. As áreas mais afectadas do globo são o Médio Oriente e África Subsariana. Ao longo dos tempos temos vindo a assistir a conflitos principalmente nestas duas regiões. Enquanto que no Médio Oriente, região mais atingida pela pressão da falta, dispõem apenas de 1.200 metros cúbicos por pessoa, abaixo do mínimo estipulado, na África Subsariana deparamo-nos com o maior número de países pressionados pela carência de água, um quarto da população depara-se com a escassez desse bem.

Ainda de acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano, prevê-se que em 2025, a pressão de falta de água sob a África Subsariana intensificar-se-á, sendo que afectará 85% da população. No Médio Oriente e no Norte de África a situação agravar-se-á. As reservas de água médias situar-se-ão em 500 metros cúbicos por pessoa, ou seja escassez absoluta. Estimam que mais de 90% da população da região viverá em países atingidos pela escassez de água. Outra problemática será a densidade populacional, países como a China e a Índia, densamente povoados, farão parte dos países ameaçados pela falta de água.

Como supramencionado, os conflitos tendem a aumentar uma vez que o recurso hídrico, água, tende a escassear, nomeadamente em zonas de grande concentração populacional. Se analisarmos o globo deparamo-nos com várias tensões, nomeadamente no Sri Lanka com os Triges Tamil, entre a Índia e o Paquistão, entre o Bangladesh e a Índia, entre Israel e os territórios da Palestina e da Jordânia, entre o Egipto e o Sudão, entre o Egipto e a Etiópia, entre a Turquia, Síria e o Iraque, e outros mais, que marcaram a história.

Steve Lonergan refere ainda que em muitos dos casos a água seria usada como “arma” no seio do conflito. Desde os primórdios da humanidade até a actualidade vários são os exemplos.

Num cenário quase que apocalíptico a cooperação continua a ser a solução, apesar de todos os entraves. Como menciona Arun P. Elhance, em “Hydropolitics in the Third World Conflict and Cooperation in International River Basins”, «a cooperação hidropolitica pode demorar muito tempo a desenvolver-se, pode não levar necessariamente ao desenvolvimento efectivo e fixação dos recursos partilhados de água, pode não satisfazer ou beneficiar todas as partes de igual maneira e pode não ser possível sem um mediador; no entanto, uma vez conseguida, tal cooperação durará».


Aos interessados recomendo a visualização do documentário "Ouro Azul: A Guerra Mundial pela Água".

domingo, 18 de março de 2012

Terrorism and Mass Media: An insight on Jihadist strategy

Nota: Texto gentilmente cedido aos alunos do blogue Ocidente Subjectivo por Heitor Barras Romana, Professor Associado do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.

There is a scholarly consensus around the construction of the concept of terrorism as:

“An anxiety-inspiring method of repeated violent action, employed by (semi)-clandestine individual, group or state actors, for idiosyncratic, criminal or political reasons, whereby – in contrast to assassination – the direct targets of violence are not the main targets. The immediate human victims of violence are generally chosen randomly (targets of opportunity) or selectively (representative or symbolic targets) from a target population, and serve as message generators. Threat - and violence – based communication processes between terrorist organization and victims are used to manipulate the main target (audiences), turning into a target of terror, a target of attention, depending on whether intimidation, coercion, or propaganda is primarily sought” (Alex Schmid, A.Jongman, 1984).

The terrorism emphasizes what we call "ontological process" factors including psychological, social and cultural, which provide the setting up the analysis of the phenomenology of terrorism.
Still on the categorization of terrorism is essential to stress is essential to stress the existence of strategic objectives and tactical objectives. Those objectives influence and determine one or more subsystems of the international component of the decision-making, in order: to generate functional imbalances, which can affect the priorities on the agendas of international institutions, multilateral relations and even political-military alliances. Thus, We are in the presence of a context of globalization of terrorism, without territorial and geographical configuration.

In the analysis which is on the "geopolitics of terrorism," Remi Baudoui (2009) puts the phenomenon of transnational terrorism as part of a new interpretation of space and territory as a platform of the organization of terror. This is evident in the passage of semantic designation of "terrorist group" Al Qaeda applied to "terrorist network". This change reflects the evolution itself and adjustment of operating ALQaeda. Indeed, it appears that initially, Al Qaeda is organized around the defense of Muslim lands in concrete against the expansionist enemy in Afghanistan. In a second phase, the aim is to remove the infidels of the spaces that form the basis of Islam's spiritual collective memory, or liberate Jerusalem. A third phase corresponds to the constitution of global Jihad, without borders and citizenship. This "territorial"/"deterritorialization" of the phenomenon of Islamic terrorism matrix is a major challenge, because it seeks to become a legitimate identity that evolves a “local” territory toward a global space, that means – the “glocalization” of terrorism.

Any study of global terrorism as a geopolitical issue necessary need the approach on the use of mass media as a part of terrorism propaganda strategy and as a part of its “political” agenda as well.

Marshal McLuham, one of the most celebrated researchers on the social impact of the mass media, came to the relatively precocious conclusion that “without communication terrorism would not exist”. This short sentence holds a truth that has remained unchanged during the last two decades. It is not uncommon to cite the relationship between the diffusion of terrorist messages and the existence of modern mass media (Manuel Soriano, 2008:2).

“Terrorism is theatre” and terrorist attacks carefully choreographed to attract the attention of the media. In turn, the media responds to these overtures proving unable to ignore what has been accurately described as “ an event”, according to Bruce Hoffman, quoted by the report on” Mass Media and Terrorism” conducted in 2008 by the Institute for Safety, Security and Crisis Management, under the auspices of European Union .

In this study, the researchers considering that the media are very well suited for the purposes of terrorists. Several theories concerning characteristics – or capabilities - of the media explain part of this phenomenon. Two of the most important media theories are “agenda setting and framing”.

“Agenda setting” is the theory that the more attention a media outlet pays to a certain phenomenon, the more importance the public attributes to such an issue. The theory of “framing” states that the way a news item is presented can have an influence on how it is interpreted or understood by the audience  ISSCM,2008:6 apud Scheufele and Tewksbury, 2007:11-12).

For Paul Wilkinson (1997), in using TV, radio and the print media the terrorists generally have four main objectives:

1) To convey the propaganda of the deed and to create extreme fear among their target group;

2) To mobilize wider support for their cause among the general population, and international opinion by emphasising such themes as righteousness of their cause and the inevitability of their victory;

3) To frustrate and disrupt the response of the government and security forces, for example by suggesting that all their practical anti-terrorist measures are inherently tyrannical and counterproductive; and

4) To mobilize, incite and boost their constituency of actual and potential supporters and in so doing to increase recruitment, raise more funds and inspire further attacks.

Other author, Brigitte Nacos, stated that terrorists have four general media - dependent objectives when they strike or threaten to commit violence.

The first is to gain attention and awareness of the audience, and thus to condition the target population ( and government) for intimidation: create fear.

The second goal is recognition of the organizational motives. They want people to think about why they are carrying out attacks.

The third objective is to gain the respect and sympathy of those in whose name they claim to attack.

The last objective is to gain a quasi-legitimate status and a media treatment similar to that of legitimate political actors (Nacos, 2007:20).

By regularly appearing in the media, terrorists are trying to become a legitimate representative of their own cause. Whether or not the audience agrees is, for this objective, of less importance. The theory is that merely the fact that they are treated by the media much like regular, accepted, legitimate world leaders gives them a similar status. This is mainly achieved by getting personal airtime through interviews and recorded videos or messages. Framing is very important in this. If terrorists having the media frame their leader much like a “regular” leader would be framed, the audience may got the impression that the two are comparable. If, on the other hand media make a clear distinction between actual world leaders and terrorist leaders, the audience may do so too. ALQaeda use this strategy, by regular sending in videos to the media portraying their leaders as leaders of the world (ISSCM,2008).

Michael Wieviorka, a French sociologist quoted by Manuel Soriano(2008:6) splits the relationship between terrorists and the media into four different levels:

1) Complete Indifference - The terrorists’ goal is to terrorize their victims, without seeking to attain media attention for their acts. There is no expectation that the press will become involved. This French author does not hesitate to mention that this situation is highly unusual;

2) Relative Indifference – The terrorists are not concerned with being on the news, even though they are conscious of the power that explaining their cause in currently existing media can provide them;

3) A Media-Oriented strategy – The terrorists are not only aware that the press can expand the scope of their words and actions, they also perform a series of operations based on the knowledge that they possess on the dynamics and functioning of the news producers. After well thought manipulations, the news media becomes integrated in the terrorist group’s actions;

4) Complete Breakaway – This is case of terrorists that see journalists and reporters as enemies that must be destroyed, putting them on the same level as other direct adversaries. The press ceases to be an entity that should be cynically manipulated. It is instead viewed as the appendix of a system that must be destroyed.

Soriano places al Qaeda in the last two of Wievioska’s levels of Relationship - Media oriented and Complete Breakway.

In our opinion, in the Relationship – Media oriented strategy the Alqaeda tends to use- for example- special relationship within the Aljazeera to bolster their political agenda, a logic that is very close to the latent political communication processes used in the West by pressure groups and interest groups that have particular access to mass media. This leads to Al Qaeda that should be observed and understood not as a messianic movement uniting the "Umma", but rather as a project to capture and exercise of power, which has as one of its main elements, the "media management processes".

Thus, in this “media management processes”, Al Qaeda has developed a new strategy concerning a bet on the new information technology use – the cyberspace and internet.

Like is stressed by Soriano, Al Qaeda has learned from the propagandistic experience of other terrorist groups that surround it. Many of them almost never establish direct contact with the mass media, concentrating their communicative activities in cyberspace. These methods have prevented them from receiving wide media attention. Paradoxically, the mass media themselves use the web to look for footage and messages that act to further illustrate their news stories. The very existence of these elements on the Internet isd a story in and of itself, without the need for other intermediaries. In this way, the news is compelled to reflect and present those events that anonymously have the capability to gain noteworthy repercussions on international public opinion.

For Al Qaeda, the Internet is not only method to reach the media in a safer and more immediate way, it also is a turning point in their communication strategy given that the web devalues the importance of traditional media. For the first time in history, cyberspace allows for there to be direct communication between a terrorist and his “public”. Terrorists control their messages well, always saying exactly what they want to say and when they want to say it (Soriano, 2008:15).

Another example of the use of Internet by terrorist groups is concerning the website Kavkaz Center, which is used as message passing interface by the self-proclaimed Caucasus Emirate. This islamist structure is responsible for several attacks in North Caucasus and Moscow, that is an example the suicide bombings attacks of March 31, 2010 and January 24, 2011.In both situations was through the website Kavkaz Center that the group claimed the attacks.

Kavkaz Center it is a quite interesting case study since its media strategy has three main goals: Transmit the Jihadist message and mobilize support from “Umma ” around the world; transmit the idea of the suicide terrorism as an act of heroism; and conduct propaganda actions to demoralize the Russian strategy toward the combat of terrorism in North Caucasus.

In sum, I would like to stress three main points:

1) The mass media and particularly the network media have become operational tools for terrorists ensured them a wide capacity of penetration in different communication arenas;

2) They adapt and adopt their messages and communicational methods accordingly the audiences and collective psychological behavior;

3) The mass media strategy developed by the global terrorist threat is part of a geopolitical agenda in order to create a “war” between Islam and the Western Civilization values.

References:

Badoui, Remi(2009) -  Géopolitique du Terrorisme, Armand Colin, Paris

Institute for Safety, Security and Crises Management(2008) – Report  on Mass Media and Terrorism. European Union

Nacos, Brigitte  (2oo7) – Mass-mediated terrorism: The central role of the media in terrorism and counterterrorism( 2nd edition) Rowman & Littlefield Publishers, Inc, Lanham.

Schmid, Alex (1984) – Political Terrorism: a new guide to Actors, Authors, Concepts, data bases, Theories, and Literature. Transaction Publishers, London.

Soriano, Manuel (2008) – Terrorism and the Mass Media after AL Qaeda: A Change of Course?, Athena Intelligence Journal,Vol.3, No2. www.athenaintelligence.org

Wilkinson, Paul (1997) – “The Media and Terrorism: A Reassessment” in Terrorism and Political Violence, Vol.9, No2 ( Summer) pp.521-64, Published by Frank Cass, London.

quarta-feira, 14 de março de 2012

A mediatização de um homem, Kony

A campanha “Kony 2012” nos últimos dias tornou-se um fenómeno planetário. Todos aqueles que viram o vídeo da campanha certamente ficaram revoltados por Kony, "senhor da guerra", encontrar-se ainda em liberdade. Em 30 minutos a ONG, Invisible Children, expõem as atrocidades que Kony realizou no Uganda. Apelando ao sentimentalismo de cada um propõem uma missão, capturar Joseph Kony até ao final de 2012.
Apesar do imenso sucesso, logo surgiram variadas críticas relativamente às informações fornecidas no vídeo da campanha como também à acção da Invisible Children. Para além da campanha encontrar-se com cerca de 10 anos de atraso, uma vez que Kony deixou de ser prioridade, a ONG apela também à cooperação norte-americana com o Exército do Uganda continue, quando este é acusado de cometer abusos dos direitos humanos.



Assim penso que é fundamental expor sumariamente os últimos acontecimentos vividos naquele território.
Kony nasce em 1963 no norte do Uganda, no seio de uma família rural. Um ano antes, a 9 de Outubro de 1962 o Uganda havia tornado independente. Os primeiros anos da independência são marcados por várias lutas políticas, várias visões de Estado, golpes de Estado, ditadura, luta armada e assassinato de civis.
Entre 1981 e 1986 o Uganda deparou-se com uma guerra civil que opôs o governo de Milton Obote à guerrilha denominada National Resistance Army, liderado por Yoweri Museveni, visto que violações dos direitos humanos sucediam por parte das forças de segurança. Numa tentativa de parar com a rebelião uma parte do país foi destruída.
A 27 de Julho de 1985, a capital do Uganda, Kampala, é tomada por Tito Okello e é proclamado um governo militar. Milton Obote ruma ao exílio na Zâmbia, e o General Tito Okello inicia negociações com Museveni, com fim de cessar os conflitos entre tribos e organizar eleições livres e justas. Ainda assim o abuso dos direitos humanos continuava nomeadamente contra os membros do NRA e seus apoiantes.
Em Janeiro de 1986, o NRA toma Kampala, obrigando Okello e as suas forças a refugiarem-se no Sudão.
Tal acção levaria a uma revolta por parte da etnia Acholi contra Museveni. Na altura Alice Auma liderou um grupo de rebeldes em ataque contra Museveni, mas sairia totalmente fracassada, e Auma iria refugiar-se no Quénia, decorria o ano 1987. Com a ausência de Lakwena, Kony assume o que resta do grupo Holy Spirit Movement, que seria a semente para o que mais tarde se tornaria Lord´s Resistance Army (LRA). Joseph Kony tornar-se-ia figura relevante no confronto regional no norte do Uganda. Pretendia derrubar o governo de Museveni e implementar um governo baseado nos 10 Mandamentos da Bíblia. Impera referir que Kony se proclamava um profeta.
A organização que liderava seria apoiado por pessoas do norte do Uganda, mas com o passar do tempo diminuiriam os recursos, que resultaria na vitimização da etnia Acholi.
Nos anos seguintes, Kony e a sua organização LRA, cometeriam atrocidades à população ugandesa. Para além de saquear aldeias, matou milhares de pessoas, abusou e mutilou civis, raptou milhares de crianças.
As acções do LRA, na década de 90 permitiram desestabilizar as regiões vizinhas, nomeadamente o sul do Sudão, a República Democrática do Congo e a República Centro-Africana. Tal deveu-se em grande medida à elevada quantidade de membros que detinha o LRA, cerca de 10 mil.
Decorria o ano de 1994 e ao LRA conseguia o apoio do Sudão. O governo sudanês pretendia utilizar a organização na sua luta contra o governo do Uganda, uma vez que aquele tinha apoiado os rebeldes no Sudão.
É apenas em 2005, que o Tribunal Penal Internacional emite um mandado de prisão para Joseph Kony. Acusado de crimes contra os direitos humanos, alegou sempre inocência e no final do mesmo ano acabaria por fugir do Uganda. Um ano depois, 2006, Kony reaparece em Maio, para negociar a paz com o governo do Uganda e um cessar-fogo é declarado em Agosto. Dois anos depois, o acordo havia surgido entre ambos os intervenientes, mas aquando da assinatura do acordo de paz, Kony encontrava-se em parte incerta.

Actualmente o Uganda não se encontra em guerra, mas existe muito a construir num país que sofreu conflitos internos desde a sua independência. Joseph Kony deixou de se tornar prioridade para o governo ugandês, uma vez que já não se encontra no território.
A prioridade é reconstruir e melhorar a vida da população, especialmente das crianças, nos vários âmbitos, seja educação, saúde, saneamento básico, ou seja naquilo que é essencial a uma vida digna.
Ainda assim, penso que é fundamental que indivíduos como Joseph Kony sejam julgados pelas atrocidades que cometeram. É importante não esquecer as vítimas e capturar indivíduos como Kony, pode não ser prioridade mas tem que existir. Mais cedo ou mais tarde têm que responder perante a lei, ora vejamos como exemplo o recente julgamento de outro “senhor da guerra”, Lubanga.

sábado, 10 de março de 2012

ODM 3 - “igualdade de género – promover a igualdade de género e empoderar as mulheres”





“You can tell the condition of a nation by looking at the status of its women”
Jawaharal Nehru


Recentemente festejou-se mais um “Dia da Mulher”. Os anos passam e a simbologia daquele dia, parece perder-se no quotidiano de muitos outros. Aquele que deveria ser lembrado como a luta de tantas e tantas mulheres ao longo dos séculos por igualdade entre os sexos tornou-se numa sombra, num banal “dia comercial”.
Ainda há muito a fazer. A igualdade de género não existe! É certo que no “mundo ocidental” a vida para as mulheres está mais facilitada, mas no restante mundo a história diverge. Ser mulher em determinadas partes do globo é estar condenada.
Decorria o ano 2000, e em Setembro vários líderes, chefes de Estado e de Governo de 189 países, reuniram-se nas Nações Unidos com fim de assinar a “Declaração do Milénio”. Estabeleceram 8 Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, os ODM, a alcançar até 2015. O compromisso assumido pressupunha o investimento de 0,7% do Rendimento Nacional Bruto de cada país em ajuda pública ao desenvolvimento, até 2015.
Todos os objectivos são de extrema importância, mas saliento o terceiro ODM, “igualdade de género – promover a igualdade de género e empoderar as mulheres”. O estabelecimento de um ODM dedicado apenas às mulheres evidencia a consciencialização por parte de variadas entidades de que não estamos perante um mundo com efectiva igualdade de género, e que existe imenso trabalho a realizar, para no mínimo diminuir as disparidades. Aliás a desigualdade de género encontra-se enraizada em diversas culturas.
Os dados que evidenciam essa disparidade são tremendos. De acordo com a informação da “Campanha Objectivo 2015”, cerca de 3/5 do 1.2 mil milhões de população pobre são mulheres, 2/3 dos 960 milhões de adultos do mundo que não sabem ler são mulheres, 70% das 130 milhões de crianças que não vão à escola são do sexo feminino, 60% das mulheres do mundo efectuam trabalho não remunerado ou mal pago, e representam a maioria entre os 1.2 mil milhões de pessoas que vivem com menos de 1.25 dólar por dia. Ainda referem que em 2008, dos 150 Chefes de Estado, apenas 7 eram mulheres, e dos 192 chefes de governos dos Estados-membros das Nações Unidas apenas 8 eram mulheres. Apenas 16% dos cargos ministeriais de todo o mundo são atribuídos a mulheres, e existem 13 países onde não têm qualquer representação feminina em posições governamentais.
Se juntarmos a este cenário o difícil acesso a água potável, estamos perante um panorama caótico. Como sabemos, o acesso a esse recurso natural encontra-se desproporcionalmente situado pelo globo, daí que nos deparemos com o surgimento de tensões ou conflitos por causa desse bem essencial ao Homem.
O sucesso do ODM, igualdade de género – promover a igualdade de género e empoderar as mulheres”, depende em grande medida do sucesso dos restantes objectivos. Se o ambiente envolvente detiver sustentabilidade e auto-suficiência, infra-estruturas, cuidados básicos de saúde estaremos no caminho certo para um futuro mais digno de todas as mulheres, mas para tal, como para tudo, vontade política é o essencial.
Às mulheres que tiveram a sorte de nascer deste lado do globo, a luta daquelas que vivem do outro lado também é nossa. Somos responsáveis por cada uma delas! Porque a desigualdade entre género é um mal dos dois mundos, do nosso e do delas, mas sejamos realistas, ao menos no nosso conseguimos viver, elas tentam sobreviver.
Que o dia 8 de Março encontre a essência da sua existência!

sexta-feira, 9 de março de 2012

"Syria: The Assads"

Bashar al-Assad optou pelo massacre dos seus civis com fim de perpetuar no poder. Desde 2011 que o Estado sírio está sob “fogo”. No seguimento da tão proclamada “Primavera Árabe”, manifestações surgiram contra o governo autoritário do herdeiro de Hafiz al-Assad.
A hereditariedade no poder seria o meio utilizado para governar, algo usual na região. Em 1994 a família Al-Assad, era abalada pela morte de Bassel, primeiro filho de Hafiz que estava destinado a seguir as pisadas do pai. Bashar vê o seu futuro tomar outro rumo. Em 2000 torna-se Presidente da Síria, na sequência do falecimento de seu pai.
Na altura era expectável um aproximar e uma abertura da Síria ao Ocidente, como também reformas democráticas, mas Bashar deu continuidade à política do seu antecessor.
Recorde-se que Hafiz, em 1982, com intuito de cessar uma rebelião motivada pela Irmandade Muçulmana, bombardeou a cidade de Hama durante vários dias. Estimam-se que 20 mil pessoas morreram. Bashar parece querer seguir as pisadas do pai, no que se refere à forma como lida com as manifestações. Relembro que desde o início dos protestos, em Janeiro de 2011, já morreram mais de 7500 pessoas segundo dados da ONU, ainda assim a oposição a Bashar calcula que o número de vítimas ultrapasse os 8500, grande parte na cidade de Homs. Outros são ainda vítimas de torturas.
Bashar já deu razões suficientes à comunidade internacional de que não é capaz de proteger nem assegurar a segurança dos seus cidadãos. Logo quando o Estado não é capaz de asseverar o princípio da responsabilidade de proteger, cabe então à comunidade internacional agir.
No caso da Líbia, como podemos comprovar verificou-se uma certa inércia por parte da comunidade internacional. Inicialmente os vários apelos ao fim da violência e a imposição de sanções pareciam o rumo ideal, para travar Kadhafi. Claro está que o cenário de violência não cessou, aliás escalou de tal maneira desencadeando uma guerra civil. Só passado cerca de um mês é que a comunidade internacional intervinha.
Porquê relembrar o caso da Líbia? De certa maneira assemelha-se com a situação na Síria. Bashar recusa abandonar o poder. Gustave Le Bon em As Opiniões e as Crenças, referia que «os homens dominados por uma certeza não podem tolerar aqueles que não a aceitam», Bashar sem dúvida é um destes homens.
As sanções persistem uma vez que não há outra alternativa, visto que, quer a Rússia quer a China vetaram no Conselho de Segurança da ONU, a proposta de intervenção estrangeira no território.
A inércia da comunidade internacional tem que cessar. Sei que são os interesses a ditar as regras do jogo e não a ética, mas a inércia só contribuiu para que para fortalecer essas atrocidades e propagá-las. Ao expandir contribui para o surgimento de centros de tensão e desequilíbrio, logo instabilidade.
E instabilidade e insegurança atormentam aos Homens.


Aos interessados recomendo o visionamento do documentário "Syria: The Assads"

quinta-feira, 8 de março de 2012

Kony 2012



Joseph Kony, líder do Exército de Resistência do Senhor (LRA)em 2005 foi acusado pelo TPI, por rapto de milhares de crianças, transformando-os em soldados os rapazes e em escravas sexuais as raparigas. Outros terá executado ou mutilado. Kony e a sua organização é ainda responsável pelas mortes de dezenas de milhares de pessoas no Uganda, República Democrática do Congo, no Sudão do Sul e na República Centro Africana. No pós 11 de Setembro, os Estados Unidos da América classificariam o LRA como organização terrorista.

O vídeo "Kony 2012" realizado pela organização não governamental Invisible Children, pretende que Kony seja capturado e condenado por crimes contra a humanidade. Para tal a organização pretende dar a conhecer Kony ao mundo apelando cooperação dos governantes para a causa que defendem, capturar Kony e acabar com as suas atrocidades no Uganda.

Partilhem pelo maior número de pessoas!
É um dever cívico de cada Homem, pelo bem estar de cada um e por um futuro mais solidário onde não exista espaço para tantas disparidades.

"Mundos em colisão"

    O livro “Mundo em Colisão”, de Ken Booth e Time Dunne, começa por abordar a guerra contra o terrorismo, em concreto as suas causas e as suas consequências, e a necessidade de criar alternativas à mesma que passem pela construção de um novo mundo onde impere o “poder da comunidade” e o combate de outros fenómenos, muitos deles mais problemáticos do que o terrorismo, como a pobreza.

    Os autores apontam o 11 de Setembro como uma data que marca uma crise mundial histórica pela colisão de mundos que representa – o Ocidental, personificado pelos EUA, e o mundo muçulmano (ainda que esta colisão tenha paralelismos com outras, como o conflito israelo-palestiniano) -, e defendem a necessidade de introspecção dos dois lados.

    É necessário pôr de lado os mitos criados em torno da sociedade norte-americana – que surgiram com o propósito de a unificar, tornando-a atraente – e avaliar a postura que o país tem tido como maior potência do mundo, à luz da ideia de que quanto maior o poder maior a responsabilidade. Com efeito, os Estados Unidos podem, por exemplo, ser acusados de fundamentalismo de mercado num mundo virtual. Isto leva Jung Mo Sung diz que são precisos novos valores morais, já que as formas de “definir o bem e o mal, o certo e o errado já não estão a funcionar para os desafios do nosso tempo” (Sung, 2006).

     A introspecção do lado do mundo muçulmano deverá, assim, passar também por um olhar sobre o fundamentalismo, que, ressalve-se, existe em várias religiões, mas está sobretudo ligado ao Islamismo. Tal como os fundamentalistas de mercado, os terroristas islâmicos também se arriscam a “parasitar” as causas que defendem (Innerarity, 2004, p. 61).

     Samuel P. Huntington defendeu que o choque de civilizações iria dominar a política internacional após o fim da Guerra Fria. Huntington disse que “os alinhamentos culturais são a chave da nova ordem mundial” (Bertonha, p. 177), pelo que grandes blocos económicos e políticos que reunam culturas diversas produzirão “inevitavelmente resultados modestos” (Bertonha, p. 178).

     Com efeito, basta olhar para a relutância que os europeus ocidentais têm em incluir uma Turquia islâmica na União Europeia para dar razão a Huntington.

     Por outro lado, depois de terem perdido o domínio do mundo e assistido à queda do Império Otomano, os muçulmanos encaram o Ocidente como inimigo, sendo que num mundo globalizado, em que a Internet chega a todo o lado e os produtos culturais norte-americanos se disseminam pelos quatro cantos do globo, cresce o receio do fim da cultura muçulmana.

    João Marques de Almeida entende que se existem causas que explicam o aparecimento da Al-Qaeda, “elas resultam em larga medida de erros políticos das potências ocidentais no Médio Oriente”, como o apoio a Israel na violação da independência política dos palestinianos, e de “graves problemas económicos e políticos que afectam as sociedades muçulmanas”.

Ataque ao World Trade Center. a 11/9.  Créditos: http://iraqwarnews.net

    A agravar a situação, cada vez mais os políticos ocidentais tomam medidas de segurança no sentido de criar um sentimento anti-ocidental. Por isso, um relatório da Open Society Institute, apresentado em Dezembro de 2009, deu conta que a discriminação contra muçulmanos está a aumentar na Europa. Questionado sobre se é possível comparar a situação actual com o que se passou com os judeus nos anos 30, Martin Rose, director do projecto A Nossa Europa Comum, citado pelo Público, afirmou que por um lado até “é pior do que nos anos 30, porque se passa em toda a Europa". "Se combinamos crise com ignorância, e com o facto de que há gente que se diz muçulmana a fazer-se explodir, os muçulmanos são um alvo óptimo, quando estamos à procura de alguém para odiar”, acrescentou. Com efeito, nos últimos anos tem-se verificado que à medida que se ouvem discursos anti-muçulmanos crescem no poder partidos de extrema-direita.

    Num mundo onde os terroristas semeiam o medo e, logo, a confusão, e os políticos são obrigados a fazer algo rápido e visível para combater o inimigo – como, aliás, actuou a Casa Branca ao invadir o Afeganistão - os executivos agem, não raras vezes, sem premeditar. Este facto leva Daniel Innerarity a concluir que “as pessoas têm o direito de estar a salvo também dos seus protectores” (2004, p. 172).
Esta realidade leva muitos jovens muçulmanos discriminados na Europa a procurar uma “identidade alternativa e auto-estima numa suposta vanguarda islâmica global e no cumprimento de um dever honroso”, perpetrando ataques suicidas (Costa, p. 41).

    Apesar de os autores de “Mundos em Colisão” preferirem falar em incompreensão mútua do que em choque de civilizações, a verdade é que este é um dos maiores problemas da actualidade. Quando um francesa muçulmana tenta banhar-se numa piscina com uma “burquíni”1, porque assim o exige a sua religião, e é impedida por questões de higiene existe um choque de culturas.

    A ideia de que muçulmanos e ocidentais devem colocar-se no lugar do outro, como defendem Ken Booth e Time Dunne, faz todo o sentido, sobretudo, quando alguns executivos falam em combater o terrorismo e usam-no dentro das próprias fronteiras, dado que, por exemplo, a tortura é uma forma de terror.

    Os autores chamam ainda a atenção para a perda de vidas humanas quando se luta contra terroristas. “Quando nos convencemos que a guerra é a única forma de prevalecer (como os jihadistas fizeram), tornamo-nos hipócritas em relação à nossa causa (tal como os islamistas) e arriscamo-nos a apagar a distinção entre guerreiros e não combatentes”, alertam (p. 13).

    “Se o primeiro passo é desafiar a noção de um mundo bifurcado, a segunda é aceitar” que existem outros terrores, como a pobreza (p. 8), defendem os autores de Mundos em Colisão. Se a pobreza aumenta também cresce a facilidade de acesso a armas de destruição maciça.

    Por tudo isto, os autores entendem que, ao contrário dos políticos, os líderes pensam que os problemas de hoje não são os verdadeiros problemas, mas apenas os sintomas.

    A par do terrorismo, Booth e Dunne lembram o fanatismo religioso dos talibãs, o hipernacionalismo nos Balcãs e o anti-semitismo na Europa do Leste, para defenderem a necessidade de ponderar as causas destes problemas actuais, num mundo em que as pessoas precisam de algo em que acreditar.

    Numa altura em que a Al-Qaeda está em pelo menos 40 países e potenciais terroristas nascem todos os dias, é preciso repensar o significado de vitória e apostar na construção de um mundo de comunidade, em que a globalização humanitária seja uma prioridade, advogam os autores de “Mundos em Colisão”.  

Referências bibliográficas:

- ALMEIDA, João Marques de, “O Choque das Civilizações e o 11 de Setembro”, in
http://www.ipri.pt/investigadores/artigo.php?idi=5&ida=31 (Consultado em Janeiro de 2011).
- BOOTH, Ken e DUNNE, Tim (2002), Mundos em colisão: terror e o futuro da ordem global, Nova Iorque, Palgrave Macmillan.
- BERTONHA, João Fábio, “O choque das civilizações e a composição da ordem Mundial” (resenha), in Contexto Internacional, vol. 19, nº 1, Jan/Jun 96, p. 175-179, Rio de Janeiro.
- COSTA, Helder Santos (2003), O Martírio no Islão, Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
- INNERARITY, Daniel (2004), A Sociedade Invisível, Lisboa, Teorema.
- SUNG, Jung Mo (2006), “Globalização e a 'batalha moral'”, in http://www.adital.com.br/site/noticia2.asp?lang=PT&cod=24457 (Consultado em Janeiro de 2011).

domingo, 4 de março de 2012

Crises e política, segundo Steven K. Vogel

Steven K. Vogel (http://polisci.berkeley.edu/)
Nota: Por cortesia de Paulo Yokota, do portal Ásia Comentada, que nos alertou para este artigo e nos facultou a tradução do mesmo.

Steven K. Vogel, professor na UCLA (University of California, Los Angeles) e especialista no Extremo Oriente mostra, no artigo “Uma crise da democracia japonesa?”, publicado no Nikkei em Fevereiro, algumas preocupações com o Japão, em particular a necessidade de estimular a economia e de recuperar o país após o desastre do ano passado, numa altura em que a dívida pública do país está em crescendo, o que exige um aumento da carga fiscal.

O autor avisa que economias encaradas como ricas não devem lançar-se em cortes desmesurados dos seus gastos, sob pena de uma nova queda da economia, aliada a uma falta de confiança dos consumidores, a uma redução do consumo e a um aumento do desemprego.

O autor diz que actualmente é quase consensual que elevados gastos governamentais e altos impostos prejudicam a prestação económica de um país. Contudo, adverte, os países com maior carga fiscal e mais gastos conseguem melhores resultados quando são avaliados indicadores de bem-estar.

Steven K. Vogel defende que é preciso envolver o maior número de autores na política e não apenas as empresas sem os seus trabalhadores, como, segundo Harold Wilensky, acontece no Japão.

O especialista em assuntos do Extremo Oriente entende que é nos momentos de crise para a economia que salta a vista o facto de os países mais ricos não conseguirem enfrentar a sua insuficiência política. Daí que defenda uma aposta em mais burocracia, uma burocracia que permita uma negociação eficaz entre os diversos grupos de interesse. Ao mesmo tempo, considera, é necessário que os partidos consigam apresentar aos eleitores políticas económicas efectivas.


Pode ler o artigo na íntegra aqui.


quinta-feira, 1 de março de 2012

“Frost/Nixon”, entre a conquista e a efemeridade do poder


"O poder é o afrodisíaco mais forte."
Henry Kissinger1.


O filme “Frost/Nixon”, de Ron Howard, respira universalidade. Como observa J. Oberman, a temática do filme, que conta a história de um apresentador de televisão que consegue arrancar um pedido de desculpa aos norte-americanos por parte de Richard Nixon pela seu envolvimento no escândalo de operações ilegais contra a oposição durante a campanha eleitoral de 1972, que culminou com a sua vitória esmagadora, “não é o caso Watergate, mas as suas consequências” (Oberman, 2008), que se relevaram imediatamente indeléveis. Partindo do princípio de que o fenómeno do poder constitui “uma realidade generalizável a todo o plano relacional”, (Santos, 2007, 248), este filme aborda várias relações de poder.

Desde logo, a partir do caso Watergate, o jornalismo tornou-se mais agressivo e fiscalizador relativamente ao poder presidencial - até então encarado como quase inquestionável – aproximando-se assim da qualificação que lhe é atribuída de “Quarto Poder”. Muitos jornais passaram a assumir a sua preferência política. Como espelho da sociedade ou como precursor das ideias dominantes na mesma, o jornalismo, a partir deste caso, despertou para o facto de os que políticos podem ter segredos e “não devem ser confiáveis” (Browning, 2008). O caso Watergate, resultante de um desejo de continuidade de poder político por parte de Robert Nixon, trouxe desilusão e, como escreve Silvia Browning, mudou bastante o cenário político, bem como as “políticas internas e externas” dos EUA (Browning, 2008). De acordo com Adriano Moreira, “a adesão ou repulsa” entre a população e governo tem um efeito imediato sobre o poder efectivo (Moreira 2002, 255) de um Estado a nível internacional. Neste sentido, dentro daquilo que o autor define como capacidade de acção colectiva enquanto recurso disponível de um Estado – no âmbito do seu poder potencial2 - encontra-se o grau de coesão nacional, o carisma da liderança e a aceitação das chefias. Tudo isto saiu afectado com este episódio de corrupção.

No campo internacional, alguns autores acreditam que o caso Watergate veio deteriorar ainda mais as relações dos Estados Unidos com a Rússia, como Henry Kissinger, já que o relacionamento entre os dois países paralisou em 1974, ano da renúncia do antigo presidente norte-americano, mas Robert D. Schulzinger ressalva que apesar das tentativas de aproximação antes dessa data, elas nunca obtiveram resultados palpáveis (AAVV, 1993, 408).

Efectivamente, o filme aborda várias questões da política externa norte-americana durante a administração Nixon, uma das mais elogiadas neste campo. Quando faleceu, alguns dos sucessores de Richard Nixon elogiaram os êxitos da sua política no Vietmane, a tentativa de acordar com a Rússia uma redução de armamento (numa época em que se temia uma guerra nuclear) e o facto de ter aberto o caminho para a aceitação da China na comunidade internacional, colocando, assim, os Estados Unidos na linha da frente da política internacional.

Numa das quatro entrevistas a David Frost, Richard Nixon disse que a guerra do Vietname, uma “herança” nas suas palavras, foi um “teste à credibilidade norte-americana”. Henry Kissinger – para quem Richard Nixon era “altamente sofisticado em questões internacionais” (Kissinger, 1996, 590) - explica que a administração do presidente envolvido no caso Watergate procurava no Vietname “uma solução que permitisse à América continuar a sua função internacional no pós-guerra, a de protector e paladino dos povos livres”. O mesmo autor reforça que o antigo Chefe de Estado norte-americano “dava importância à credibilidade e à honra, porque estas definiam a capacidade da América para moldar uma ordem internacional pacífica” (Kissinger, 1996, 588). A participação na guerra do Vietname acabou por revelar-se útil numa altura em que era “necessária uma importante reformulação da política externa americana”, escreve ainda Kissinger (1996, 613).

Além da importância de participar numa conflito dentro da Guerra Fria, onde também estava a Rússia e, neste sentido, em jogo o poder militar de cada uma das potências que “dividiam” o mundo na altura, era importante para Richard Nixon travar o comunismo, uma ideologia opositora ao capitalismo norte-americano e que o antigo Chefe de Estado encarava como uma ameaça. Segundo David Frost, Nixon disse que o Cambodja era o “quartel” de toda a operação comunista no Vietname do Sul para justificar a intervenção naquele país.

Porém, ao contrário do esperado e do facto de possuir mais recursos materiais e imateriais do que o adversário, os Estados Unidos acabaram por sair derrotados no Vietname pela guerrilha das tropas do Exército do Vietname do Norte. Neste sentido, pode então falar-se de poder estrutural, que corresponde à “autoridade para determinar as regras do jogo e determinar a forma como os outros jogarão o jogo” (Holsti, 1995, 126) e que ditou a vitória dos vietnamitas do Norte, apoiados logisticamente pela Rússia, Coreia do Norte e China, países que não se envolveram efectivamente no conflito. Ainda no âmbito da teoria dos jogos, talvez tenha faltado aos Estados Unidos um maior debruçamento sobre o “second-guessing”, isto é, uma reinterpretação ou uma reavaliação dos processos intelectuais do adversário para ganhar vantagem sobre o oponente, como é defendido por James E. Dougherty e Robert L. Pfaltzgraff (Dougherty e Pfaltzgraff, 1981, 513).

A derrota neste território não só prejudicou a intenção dos EUA de travar a expansão do comunismo, como teve um forte impacto no poderio militar do país, o que se reflectiu no chamado “Síndrome do Vietname”, traduzido numa espécie de trauma que levou os norte-americanos a mostrarem pouca abertura para a participação do país em conflitos bélicos no exterior e, consequentemente, numa mudança na política exterior da América até à eleição de Ronald Reagan, em 1980.

No filme “Frost/Nixon”, o antigo presidente norte-americano mostra-se insatisfeito por as pessoas estarem apenas preocupadas com o caso Watergate e esquecerem os feitos que conseguiu a nível internacional. Porém, na política externa, existe uma forma de poder denominada “soft power”, à luz da qual o modelo de funcionamento político interno constitui um exemplo e uma forma de persuadir os outros, como explica Victor Marques dos Santos (Santos, 2007, 282). Por outras palavras, o facto de, pela primeira vez, um país como os Estados Unidos ter um presidente pouco merecedor da confiança do povo afectou a poder do país a nível internacional, ao expor uma das suas fragilidades. Este motivo explica porque é que Richard Nixon é sobretudo recordado na história da corrupção política, como remata o filme.

A ideia de que o poder está intrinsecamente ligado ao interesse de um país, defendida por Hans J. Morgenthau (Morgenthau, 1993, 10), vai ao encontro daquilo que Nixon responde na entrevista a David Frost para justificar o seu abuso de poder na invasão da sede do Comité Nacional Democrata: “Quando um presidente faz algo, significa que isso não é ilegal”.

A questão do poder está também ligada à origem do próprio caso Watergate ou não fosse a invasão dos escritórios do principal partido da oposição uma acção levada a cabo no sentido de Richard Nixon assegurar a sua permanência no poder.

A falta de coesão nacional - um elemento importante na política externa, como anteriormente referido - também foi notória em torno do perdão concebido por Gerald R. Ford ao seu antecessor pelo envolvimento no caso Watergate, uma decisão que se traduziu numa polarização de um país já traumatizado pelo factos relativos ao escândalo. Enquanto alguns cidadãos entendiam que o antigo governante deveria ir a julgamento, outros encaravam a renúncia como suficiente e Nixon como uma vítima. Pode dizer-se que também este perdão presidencial, enquadrado num direito constitucional, constituiu um acto de poder.

A problemática do poder, que atravessa todo o filme, é também visível na relação entre o entrevistador e o antigo presidente, já que ambos procuram inverter o rumo das suas vidas com as entrevistas, num “duelo”, como inicialmente referem, em que só um podia ganhar. Nesta perspectiva é levada ao extremo a definição de Mongethau, que encara o poder como “tudo aquilo que estabelece e mantém o controlo do homem sobre o homem” (Mongethau, 1993, 11).

Nesta busca do poder, a preparação, dita estratégia, assume um papel fundamental, como é notório na parte – essencial no andamento da história – em que o antigo governante norte-americano liga a David Frost, arrasado pelo seu fraco desempenho nas entrevistas até então, para o incitar a preparar a ultima entrevista, dedicada ao escândalo Watergate. Nesta conversa, dois homens que nasceram do nada e que se tornaram personalidades importantes compartem o medo de regressar à estaca zero, numa assunção de que o poder é algo efémero e em permanente construção.

O próprio realizador, Rod Howard, disse aos jornalistas, ainda antes da estreia, que “Frost/Nixon” não é um filme sobre política, mas antes uma história humana sobre o facto de alguém que está “no fundo” e a “tentar sair dessa situação usando todas as ferramentas que se tem ao alcance”.

Deste filme pode ainda concluir-se que numa luta de poder nem sempre existe um total vencedor e um total vencido, já que se David Frost conseguiu a confissão que tanto ansiava, Richard Nixon soltou, na entrevista, o pedido de desculpas ao povo da América pelo qual a sua consciência suplicava.

Esta transversalidade das diferentes formas de poder que ressaltam do filme tornam-no numa lição universal, quer para jornalistas, políticos ou diplomatas, quer para cada indivíduo que queira entender algumas dinâmicas da sociedade em que se insere.


Bibliografia:

  • ARENAL, Celestino del (1990), Introducción a las Relaciones Internacionales, Madrid Tecnos (Citado por Victor Marques dos Santos em Teoria das Relações Internacionais - Cooperação e Conflito na Sociedade Internacional).
  • BROWNING, Silvia (2008), “Watergate had a great impact on the American Political scene”, in www.mightystudents.com (consultado em Novembro de 2010).
  • DOUGHERTY, James E., PFALTZGRAFF, Robert (1981), Contending Theories of International Relations, A Comprehensive Survey, Nova Iorque, Harper & Row. (citado por Victor Marques dos Santos em Introdução à Teoria das Relações Internacionais).
  • FIRESTONE, Bernard J. e UGRINKSY, Alexej (1993), Gerald R. Ford and the politics of post-Watergate America, Westport, Greenwood.
  • HOBERMAN, Jim (2008), “Ron Howard's Frost/Nixon explores Watergate's aftermath”, in www.citypages.com (consultado em Novembro de 2010).
  • HOLSTI, K. J. (1995), International Politics. A Framework for Analysis, Englewood Cliffs, N. J. (citado por Victor Marques dos Santos em Introdução à Teoria das Relações Internacionais).
  • MOREIRA, Adriano (1989), Relações entre as grandes potências, Lisboa, Instituto de Relações Internacionais do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
  • MOREIRA, Adriano (2002), Teoria das Relações Internacionais, Coimbra, Almedina (citado por Victor Marques dos Santos em Introdução à Teoria das Relações Internacionais).
  • MORGENTHAU, Hans J. (1993), Politics Among Nations The Struggle for Power and Peace, Nova Iorque, McGraw-Hill (citado por Victor Marques dos Santos em Introdução à Teoria das Relações Internacionais).
  • SANTOS, Victor Marques dos (2007), Introdução à Teoria das Relações Internacionais, Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
  • SANTOS, Victor Marques dos (2009), Teoria das Relações Internacionais - Cooperação e Conflito na Sociedade Internacional, Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
1Conselheiro político e confidente de Richard Nixon e co-vencedor do Prémio Nobel da Paz em 1973 pelo seu papel na obtenção do acordo de cessar-fogo na Guerra do Vietname.
2Celestino del Arenal (Arenal,1983, 510) distingue poder potencial de poder actual, ou seja, poder real de poder efectivo, segundo Vítor Marques dos Santos (Santos, 2007,257)