quinta-feira, 7 de junho de 2012

Jihad, uma palavra entre tantos significados

Jihad é um conceito pilar do Islamismo, uma religião com cerca de 1,2 bilhões de seguidores, o que representa um quinto da população mundial. Os muçulmanos governam ainda 50 países do mundo. Com efeito, quem crê nas palavras de Maomé adopta não uma religião, como é commumente entendido, mas um modo de vida que inclui instruções relacionadas com todos os aspectos da actividade humana, como políticos, sociais, económicos, legais e militares.

A raiz linguística de Jihad, vem de Jihd (esforço) ou do verbo Jihad (esforço constante), mas a palavra, como tantas outras, tem mais um significado simbólico do que linguistico, o que dá azo a diversas interpretações.

A Jihad é encarada como uma luta, resultante de uma vontade pessoal, em busca da fé perfeita. Esse caminho pode ser feito pela luta do homem consigo mesmo através da ascese e de exercícios de piedade, a Jihad Maior, ou pelo esforço no sentido de converter os outros ao Islamismo e de mobilizar uma luta política e social, a Jihad Menor.

Apesar de a Jihad não integrar os cinco pilares do Islão – a recitação e aceitação da crença, orar cinco vezes por dia, dar esmolas, cumprir o jejum no Ramadão e fazer uma peregrinação a Meca se a pessoa tiver condições físicas e económicas – a verdade é que o termo aparece referido várias vezes no Alcorão. Helder Santos Costa refere que a doutrina muçulmana clássica aponta a existência de dois mundos, o Mundo do Islão e o Mundo da Guerra ou Mundo dos Infiéis, estando este último destinado a desaparecer (Costa, 2003, p 35).

O termo Jihad foi utilizado por Maomé com o significado de "guerra sagrada", simbolizando a luta pela conversão do maior número de pessoas ao Islão. De acordo com Ahmed Rashid, “os muçulmanos veneram a vida do profeta Maomé, porque exemplificou tanto a grande como a pequena Jihad”, lutando ao longo da vida para “melhorar como muçulmano, tanto para dar o exemplo aos que O rodeavam como para demonstrar o Seu completo compromisso com Deus”, mas também “combateu a corrupta sociedade árabe em que vivia e serviu-se de todos os meios – incluindo meios militares, mas não exclusivamente – para a transformar” (Rashid, 2003, p. 16). Segundo as formas comuns do Islão, se uma pessoa morre em Jihad, é enviada directamente para o paraíso, sem quaisquer punições pelos seus pecados.
   
No Ocidente, a Jihad e normalmente traduzida para Guerra Santa, o que parece irritar os muçulmanos. Contudo, no Alcorão lê-se: “Matai-os até que a perseguição não exista e esteja no seu lugar a religião de Deus. Se eles se converterem, não haverá mais hostilidade” (cf. Cruz, 2002, p. 67). De acordo com Alcino Cruz, a Guerra Santa encontra-se estatuída no versículo 89: “os hipócritas quereriam que renegásseis como eles renegaram e que fosseis todos iguais”. “Não Tomeis chefes entre eles até que se afastem pela causa de Alá que conduz ao combate: se voltarem costas, apanhai-os e matai-os onde quer que os encontreis” (Cruz, 2002, p. 60). Porém, José Marín Reveros faz uma forte distinção entre as duas palavras, ao escrever que “a Jihad muçulmana, entendida como o esforço no caminho de Alá, pode chegar a constituir-se numa Guerra Santa, partilhando certos elementos com o Cristianismo” (Riveros, p. 7).
   
Neste âmbito, importa ressalvar que existe uma diferença entre as várias culturas islâmicas e a ideologia islamista, que congrega pessoas que defendem ou recorrem ao uso das armas, por oposição aos muçulmanos, que são simplesmente crentes na fé islâmica (Foi tomada a opção de distinguir islamistas e islamitas da seguinte forma: enquanto os primeiros usam o Islão como arma política e de terrorismo, os segundos são meros crentes no Islão). Henrique Raposo diz que “a primeira característica dos islamistas é o seu ódio às diferentes culturas islâmicas” e frisa que o bombista suicida “ameaça em igual medida os ocidentais e a maioria dos muçulmanos” (Raposo, 2009, p. 5).
   
Para além da forma agressiva da Jihad, que já abordámos enquanto Jihad Menor, existe uma vertente defensiva. Os que defendem esta ideia, só utilizam a Jihad em casos semelhantes às batalhas que Maomé travou, após ter sido agredido. “Mesmo que na ocasião tenha usado a força, fê-lo, segundo os muçulmanos, só depois de ter recebido permissão divina”, escreve Silas Tostes (Tostes, 19). Esta opção defensiva “tem a vantagem de ter consenso com o artigo 51 da Carta da Nações Unidas (auto-defesa), e com a opinião do Vaticano”, destaca o mesmo autor (Tostes, p. 25).
   
Note-se que existe ainda discordância quanto ao recurso à Jihad agressiva, com alguns autores a defenderem que o seu uso não é obrigatório mas deve ser feito em situações de inesperado ataque à comunidade islâmica. Por outro lado, muçulmanos islamistas como o ex-líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, entendem que este uso é obrigatório.
   
A esta ideia presente no Ocidente de que existe uma guerra violenta destinada a transformar as pessoas em muçulmanos à força resulta em grande parte de diversos atentados terroristas, como os de 11 de Setembro de 2001, levados a cabo pela Al-Qaeda.
   
Há ainda alguns grupos que entendem que a Jihad passa também pela reclamação de terra que em tempos pertenceu a muçulmanos ou pela protecção do Islão contra aquilo que eles encaram como influências que "corrompem" a vida muçulmana.

Bassam Tibi, sociólogo sírio-alemão especialista no Islão e muçulmano sunita, entende que o fenómeno do fundamentalismo islâmico desvirtua o Islão tornando-o num factor de acção política em proveito próprio.
   
Por outro lado, repare-se que na visão de Ustaz Haji Ali Haji Mohamed, o ser humano, sem ter noção disso, está num estado constante de Jihad, já que se esforça sem esperar formas de gratificação e evitando coisas que são proibidas (Mohamed, p. 7).

Referências bibliográficas:


- COSTA, Helder Santos (2003), O Martírio no Islão, Lisboa, ISCSP.
- CRUZ, Alcino (2002), O pensamento e a humilhação das mulheres da fé islâmica, Lisboa, Campo Grande Editora.
- MOHAMED, Ustaz Haji Ali Haji, “Understand Jihad”, in www.rrg.sg/edisi/data/Understanding_jihad.pdf  (Consultado em Dezembro de 2010).
- RAPOSO, Henrique (2009), “O islamismo nas sociedades europeias – os mitos da comunidade muçulmana, do diálogo de civilizações e do Islão moderado”, in www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/ri/n22/n22a06.pdf  (Consultado em Dezembro de 2010).
- RASHID, Ahmed (2003), Jihad – Ascensão do Islão militante na Ásia Central, Lisboa, Terramar.
- RIVEROS, José Marín, “Islão, Guerra e Jihad”, in http://www.google.pt/url?sa=t&source=web&cd=1&ved=0CBcQFjAA&url=http%3A%2F%2Farpa.ucv.cl%2Farchivum4%2Fhistoria%2520medieval%2Fislam.%2520guerra%2520y%2520jihad...jm.riveros.pdf&ei=b9QITe1XxfOyBsDhwJQD&usg=AFQjCNHHunkvjTAlcMdETirK-yDbB7RjNw&sig2=iI5CL7oMjewy_rb0dDj8AQ (Consultado em Dezembro de 2010).
- TOSTES, Silas, “Jihad e o Reino de Deus”, in instituto.antropos.com.br/downloads/Jihad.pdf (Consultado em Dezembro de 2010).

Nota: Trabalho realizado em Dezembro de 2010.

1 comentário:

  1. Todo os argumentos do islam são inválidos mas criminosos e diabólicos.
    No inicio, maomé nem corão tinha ou pedia e já queria matar cruelmente pessoas justas inocentes e indefesas.
    Em verdade, só fora do islam podem existir as boas espiritualidades, fontes de Verdade e Vida.

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