domingo, 15 de janeiro de 2012

Jemaah Islamiyah


Jemaah Islamiyah ou JI é uma organização terrorista, com incidência no sudeste asiático, em especial na Indonésia, Malásia, Singapura, Brunei e sul das Filipinas. Tem como intuito estabelecer os princípios do Islão. O próprio nome da organização remete-nos para Comunidade Islâmica”.

A 1 de Janeiro de 1993 a organização inicia as suas actividades, devido ao contributo dos clérigos indonésios Abdullah Sungkar e Abu Bakar Bashir, e desde então tem efectuado várias operações na região.

As suas bases remontam ao movimento Darum Islam[1], de carácter conservador e radical, que pretendia o estabelecimento da lei islâmica, Shari´a, na Indonésia. O movimento surgiu na década de 40 do século XX durante o domínio holandês e permaneceu ainda aquando do surgimento da República da Indonésia.

Em meados do século XX, entre 1950 e 1960, o movimento Darum Islam, iniciaria insurreições violentas com intuito de difundir os ideais islâmicos pelo Estado indonésio, contribuindo para a criação de um Estado islâmico.

Bashir e Sungkar seriam presos pela ditadura de Suharto. Após libertação, Bashir e os seus seguidores mudar-se-iam para a Malásia em meados dos anos 80, recrutando indivíduos da Indonésia, Malásia, Singapura e Filipinas, e adoptando o nome de Jemaah Islamiyah. Mais tarde, alguns elementos da JI, juntar-se-iam aos Mujahideen[2], movimento de resistência à ocupação soviética no Afeganistão. Da altura surgiriam as ligações que definem actualmente a rede mundial de grupos islâmicos.

Regressados ao sudeste asiático os membros da organização terrorista divulgariam os seus ideias sem recorrer à acção violenta, não obstante, mudariam de técnica no final da década de 90, aquando do convite de Bashir a Riduan Isamuddin ou Hambali para o movimento. Este tornar-se-ia no líder militar, enquanto que Bashir seria o líder espiritual. Também as várias suspeitas de apoio financeiro e logístico que ligavam a Al-Qaeda no Afeganistão aos JL, contribuiriam para essa mudança de táctica.

É objectivo da JI, a criação de um Estado Islâmico na Indonésia, posteriormente um califado pan-islâmico incorporado por vários Estados da região, e finalmente a criação de um Estado Teocrático Islâmico global.

Kern (218) refere que «el grupo tiene células en Australia, Indonesia, Malasia, Pakistán, Filipinas, Tailandia y Singapur. La JI ha establecido alianzas con otros grupos militantes para alcanzar su objetivo de crear un Estado islámico en el Sudeste Asiático. Juntos comparten recursos para el entrenamiento, el abastecimiento de armas, el apoyo financiero y la colaboración para perpetrar atentados. Se cree que la JI tiene capacidad para organizar una red amplia y en gran parte inexplorada hasta la fecha de las denominadas “células durmientes”. La JI se diferencia de Al Qaeda en un aspecto importante: el enfoque de Al Qaeda es global y sus objetivos objetivos son los occidentales y las instituciones occidentales. En cambio, el enfoque de la JI es regional».

ATENTADOS

Dois anos após a criação do grupo terrorista, em 1995, sob o comando do chefe operacional Hambali, a JI seria responsabilizada por pretender atacar com bombas onze alvos norte-americanos no continente asiático. Cinco anos depois, em 2000 uma série de atentados são realizados. Na véspera de Natal, a 24 de Dezembro, uma série de explosões a igrejas em Jacarta deixavam 17 mortos ferindo cerca de cem pessoas. A 30 de Dezembro cinco explosões em Manila, Filipinas, deixavam 22 mortos.

Em 2001 a JI pretendia atacar missões diplomáticas nomeadamente, a dos Estados Unidos da América, Israel e Reino Unido, mas tais pretensões seriam evitadas pelas autoridades de Singapura, e uma dúzia de militantes da organização eram presos.

Um ano depois, a 12 de Outubro de 2002, explosões na ilha turística de Bali matariam 202 pessoas e feriam 209 indivíduos, na sua maioria estrangeiros de origem australiana. Segundo Kern o atentado em Bali seria o mais sangrento desde os ataques ocorridos a 11 de Setembro de 2001. A Jemaah Islamiyah seria responsabilizada, os Estados Unidos da América definiriam o grupo como uma das organizações terroristas mundiais e a Indonésia mudaria de atitude perante a organização. Até então se a passividade havia sido regra, iniciaria uma investigação sobre a JI, dado que a mesma cooperava com a Al Qaeda e esta actuava em território indonésio. O atentado «se cometió en un momento en que grandes facciones de la población musulmana de Indonesia expresaban su creciente malestar por el papel que había adoptado Australia en la separación de Timor-Leste de Indonesia» (Kern. S.d. 218).

Em 2003 em Março duas explosões no aeroporto e uma no porto em Davao, nas Filipinas deixavam 38 mortos. No mesmo ano, em Agosto um bombardeio no JW Marriott Hotel em Jacarta mataria 12 pessoas e feria 150.

A 9 de Setembro de 2004 uma bomba de grande potência explodiria perto da embaixada australiana no centro de Jacarta, matando 12 indonésios e cerca de 200 ficariam feridos.

A 2 de Outubro de 2005, homens-bomba causam 3 explosões a sul de Bali, em Jimbaran e Kuta, matando 23 pessoas entre nativos, estrangeiros e os três terroristas suicidas. Mais de cem pessoas ficariam feridos.

Segundo Kern em “Terrorismo en el Sudeste Asiático”, apesar dos atentados terem como origem a JI, os motivos não estão ainda claros. Determinados analistas referem que o objectivo da JI pode ser debilitar o governo democrático da Indonésia, outros crêem que a fúria ou descontentamento é para com os ocidentais e não contra as autoridades locais.



[1] O movimento Darum Islam de carácter violento seria fundado por Sekarmadji Maridjan Kartosuwirjo, em 1948. Kartosuwirjo seria capturado e executado pelo governo indonésio em 1962;

[2] Mujahideen é a forma plural de mujadih que significa “combatente” ou “alguém que se empenha na jihad (luta)”. O termo é frequentemente traduzido como “guerreiro santo”. O conceito popularizou-se graças ao mass media no final do século XX aplicando-se exclusivamente a combatentes armadas que se inspiraram no fundamentalismo islâmico. É de salientar que nem sempre tem um carácter religioso;

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