A partir de um poema, crítica a Europa, especialmente a Alemanha e a atitude da chanceler Angela Merkel, que advoga a austeridade como única solução para a Grécia sair da crise.
No poema intitulado "a vergonha da Europa", recorre à história evidenciando os feitos gregos, que permitiram o surgimento do pensamento europeu, contrapondo com a sua situação actual, «(...) à pobreza condenada (...)».
As críticas cedo surgiram. Saliento as declarações de Gunther Krichbaum, presidente da comissão de assuntos europeus do Bundestag (parlamento alemão), onde afirma que o poema de Grass ignora a realidade, acrescentando que a Grécia foi grandemente ajudada por todos os cidadãos europeus.
Abaixo encontram o poema traduzido. Leiam e retirem as vossas próprias conclusões.
«À beira do caos porque fora da razão dos mercados,
Tu estás longe da terra que te serviu de berço.
O que buscou a Tua alma e encontrou
rejeita-lo Tu agora, vale menos do que sucata.
Nua com o devedor no pelourinho sofre aquela terra
a quem dizer que devias era para Ti tão natural como falar.
À pobreza condenada a terra da sofisticação
e do requinte que adornam os museus: espólio que está à Tua cura.
Os que com a força das armas arrasam o país de ilhas
abençoado levavam com a farda Holderlin da mochila.
País a custo tolerados cujos coronéis
toleraste outrora na Tua Aliança.
Terra sem direitos a que o poder
do dogma aperta o cinto mais e mais.
Trajada de negro. Antígona desafia-te e no país inteiro
o povo cujo hóspede foste veste-se de luto.
Contudo os sósias de Creso foram em procissão entesourar
fora de portas tudo o que tem a luz de ouro.
Bebe duma vez, bebe! grita a claque dos comissários,
mas Sócrates devolve-Te, irado, a taça cheia até à borda.
Os deuses amaldiçoarão em coro quem és e o que tens
se a Tua vontade exige a venda do Olimpo.
Sem a terra cujo espírito Te concebeu, Europa,
murcharás estupidamente[1]».
[1] Retirado do seguinte
endereço electrónico http://aventar.eu/2012/05/28/a-vergonha-da-europa-2/,
consultado a 28 de Maio de 2012;
Excelente este poema. Diz muito sobre o que se está a passar agora pela Europa.
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