quinta-feira, 19 de abril de 2012

Asma trava o teu marido

Enquanto observadores da ONU encontram-se na Síria a monitorizar o suposto cessar-fogo, na sequência do plano de paz de Kofi Annan, uma campanha foi lançada ainda esta semana com intuito de travar Assad.

Criada pela entidade colectiva Women of the World, composta apenas por mulheres, diplomatas ou esposas de diplomatas, dirigem a sua petição à mulher do Presidente Bashar al-Assad, Asma al-Assad.


Nos cerca de 5 minutos do vídeo da campanha, podemos vislumbrar um paralelismo entre a figura inerte de Asma face à violência que percorre o Estado sírio.

Relembro que a revolta dura há mais de um ano. A 26 de Janeiro de 2011 irrompiam os primeiros protestos, na sequência da Primavera Árabe. Vários eram os objectivos, desde a renúncia de Assad, a mudança de regime, o fim do estado de emergência (existente desde 1962), e outros. A revolta tomaria outras proporções, rapidamente transformou-se numa guerra civil. Mais de 11 mil pessoas foram vítimas do conflito armado entre as forças leais a Assad e a oposição. Milhares de sírios tornam-se refugiados, partindo para os países vizinhos, como Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque. Na Turquia cerca de 24 564 refugiados encontram-se no território, no Líbano o número era de 20 mil, na Jordânia cerca de 7 mil e no Iraque cerca de 800 sírios. Saliento que estes números se referem apenas aos refugiados registados. A ONU estima que os números tendem a aumentar no curto prazo e já trabalha em planos de apoio para com os vários países. Face aos vetos da Rússia e China no Conselho de Segurança, a postura do Ocidente pautou-se por variadas sanções.

A crítica à postura de Asma face aos acontecimentos é patente ao longo do vídeo. Ainda assim o apelo é feito, «(…) defende a paz, Asma. Fala agora. Pelo bem das pessoas. Detém o teu marido e os seus apoiantes. Pára de ser uma espectadora. (…)»

Ironicamente depois de tentar aniquilar do mapa a cidade de Homs, o casal Assad surge esta semana, a realizar voluntariado num centro de ajuda e distribuição de bens, que serão posteriormente distribuídos pelas famílias daquela cidade. Esta manobra de marketing foi noticiada ao pormenor pela televisão estatal síria, divulgando imagens de um Presidente preocupado e solidário com a sua população.


Para Assad, é prioridade deter a qualquer custo aqueles que denomina de “terroristas” e que colocam em causa o seu governo, vejamos por exemplo os acontecimentos de Homs, Hama ou Idlib.

Ainda assim, Asma, numa carta enviada a um jornal britânico referia que apenas o seu marido era o homem ideal para liderar a Síria. Contrapondo a opinião de esposa, Bashar al-Assad foi classificado, “desprezível” (rogue), na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo da revista Time, ao lado de Kim Jong Un e dos terroristas Mullah Mohammed Omar e Sheik Moktar Ali Zubeyr. Segundo Chua-Eoan (director da revista Time), «(…) Bashar intends to prove he is the player in Syria to be placated — if only because he can kill most efficiently».



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