segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Relembrando Lula e a mudança vivida pelo Brasil no panoramas das RI

Com a ascensão contínua dos BRIC, decidi uma reflexão de parte do caminho percorrido até aqui! Se quisermos, uma compreensão do passado, para percebermos o presente. 
  
Com a chegada ao poder de Lula da Silva, mudou o paradigma brasileiro, se quisermos sul-americano, nas Relações Internacionais. Não abandonando totalmente o modelo neoliberal do seu antecessor, nomeadamente no alinhamento das grandes organizações, como G20, Lula procurou de imediato aprofundar algumas estratégias concretizadas em conceitos como os de estado logístico e integração regional. São definidas linhas orientadoras, que procurem amenizar as relações Norte/Sul, tornando-as mais equitativas. Foi dada prioridade a integração e unidade regional, para benefício mútuo e estabeleceu-se como a meta a atingir a internacionalização da economia, favorecida pelas boas práticas em Política Externa, como trocas tecnológicas e apoio na saúde ou agricultura. Ao mesmo tempo, e fitando a tal internacionalização económica, Lula procura trazer de vez África para o centro das RI e apoiou-se noutras potências emergentes, como a China ou Índia e a Rússia, para “abanar” o sistema internacional nas RI, conferindo ao Brasil uma voz mais audível.



- O Multilateralismo recíproco brasileiro e o início de uma mudança da hierarquia internacional

Desde logo, e devido ao enorme carisma de Lula, a diplomacia brasileira instrumentalizou-se em definitivo em prol do interesse nacional, redesenhando-se dentro do conceito do multilateralismo recíproco, onde todos dão e todos recebem, aplicado a todas as áreas, desde saúde, economia, etc. Contudo, este princípio também se aplicou à Política Externa, num jogo com regras, para a balança não pender para os mais poderosos, bem como que essas mesmas regras sejam formuladas por todos. A partir daqui, e pegando no conceito do Estado Logístico preconizado pelo Brasil de Lula, que visa reduzir a vulnerabilidade do país em relação ao exterior através das mais diversas trocas com outros Estados, postulado por Amado Cervo, a diplomacia brasileira abandona de vez os conceitos neoliberais de alinhamento total com o Norte e, empurrada por políticas internas que conferem à economia uma maior pujança, assume-se como um centro, deixando de lado a periferia política.
O Brasil de Lula pretende assumir-se como um actor relevante, ser grande ao pensar grande, assumir-se como uma nova “influência” na Política Externa, como definiu Holsti, defendendo os próprios objectivos de “prestígio, território, (…)” mas sobretudo “matérias primas, segurança ou alianças” (1995,118). Procuram-se estabelecer alianças, trocas, alinhamentos e acordos bilaterais que promovam mais ainda pujança interna do país, ao mesmo que em troca dão-se ferramentas necessárias para promover a equiparação regional.
Neste âmbito, o Brasil vem-se aproveitando de vários fóruns para promover estes conceitos: o G8 e G20, a Organização Mundial do Comércio, ONU, Mercosur, etc. Ainda dentro deste conceito, há a destacar o BRIC, a plataforma que reúne o Brasil com a Rússia, Índia e a China. As novas potências emergentes, os países que estão a começar a desviar o fiel da balança das RI e que começam a ditar uma nova hierarquia internacional, na qual o Brasil se pretende assumir como líder nas mais diferentes frentes.

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