terça-feira, 1 de novembro de 2011

Primavera Árabe?

O ano de 2011 será certamente marcado pela “Primavera Árabe” como apelidaram os meios de comunicação. Uma série de eventos ocorridos em vários Estados árabes que surpreenderiam o Ocidente. Vários especialistas apontavam que os protestos transformados em revoltas evidenciavam o descontentamento de Homens a longos anos submetidos ao mesmo tipo de regime e/ou líder. Muitos afirmavam que a “Primavera Árabe” era que a voz de um povo ansioso por ver nascer a democracia, nos seus países.

Mas tal teoria corresponderá à realidade? O próprio conceito leva-nos a pensar tal facto, mas importa reter que para qualquer análise é fulcral ter em atenção as várias especificidades de cada região, algo que não se verificou em muitas análises. Como tal podemos apontar uma primeira incorrecção, visto que assistimos durante estes meses ao agrupamento dos vários regimes numa só concepção, quando na realidade cada um detinha características próprias. Como colocar na mesma concepção o regime de Hosni Mubarak no Egipto e o de Muammar Kadhafi na Líbia? Quando são tão díspares entre si.

O rumo de cada protesto evidencia que as características de cada Estado, influenciaram em certa medida, o rumo dos eventos. Assistimos a revoluções (Egipto e Tunísia), mudanças no governo (Iémen, Omã, Jordânia e Síria), conflito armado (Líbia), grandes protestos (Argélia, Iraque, Irão, Bahrein e Djibuti) e ainda a pequenos protestos (Marrocos, Saara Ocidental, Mauritânia, Sudão, Arábia Saudita, Cisjordânia e Líbano). Desde Estados pró ocidentais a Estados do “eixo do mal” deparamo-nos nestes últimos meses com grandes mudanças, do Magreb ao Mashrek.

Seriam as manifestações em prol de dogmas ocidentais, no caminho das ditas democracias, ou simplesmente manifestações de descontentamento contra o desemprego, pobreza, injustiça, …? É verificável que muitos dos protestos árabes assemelham-se às recentes manifestações ocidentais, logo esbatesse-se a teoria que advogava que os mesmos pretendiam caminhar rumo à democracia, visto que naqueles os slogans usados apelavam na sua maioria à queda do governo vigente.

Importa então analisar que causas, culminaram nas revoltas pois será provavelmente o único ponto semelhante nas várias regiões. Segundo Nuno Rogeiro em “Na Rua Árabe”, estas podem ser clarificadas entre imediatas e mediatas e/ou remotas. Entre as causas imediatas saliento patologia política, esclerose dos regimes, pobreza e injustiça e repressão, que influenciaram sem dúvida as revoltas. Relativamente às causas mediatas e/ou remotas podemos auferir os ideais esquecidos pelos líderes, a transformação e os desvios destes, as várias promessas expiradas ao longo do anos, o perpetuar na memória da população de atrocidades passadas, problemas não resolvidos pela colonização e ainda descolonização e ainda a introdução de doutrinas insurreccionais antes usadas a nível externo são agora usadas a nível interno.

Todas elas, causas imediatas ou mediatas/remotas ganhariam visibilidade através das redes sociais, que foram sem dúvida impulsionadoras das manifestações permitindo que estas ganhassem mediatização.

Apesar de grande parte das causas adequarem-se na sua maioria a muitos regimes árabes, ficou saliente que a maneira como cada um lidou com estas manifestações foi essencial para o rumo que os Estados seguiram, daí que é essencial ter em consideração as características de cada um deles. «(…) “É verdade que, apesar da repressão do último estertor de Mubarak e da intervenção saudita no Bahrein, os regimes pró-ocidentais do Médio Oriente souberam lidar melhor com as revoltas do que os sistemas ditos antiocidentais, a exemplo da Síria, da Líbia e do Irão; ou concederam que tinham perdido, ou reformaram, ou abdicaram de disparar sobre as massas, ou entraram em negociação» (Rogeiro.2011.131).

No Egipto e Tunísia os respectivos governos caíram. No primeiro caso as eleições irão decorrer no mês de Novembro portanto o cenário ainda está em aberto. Relativamente à Tunísia, as eleições foram realizadas este mês, saindo vitorioso o partido islâmico moderado, apesar de tal, logo após o resultado das eleições manifestantes saíram à rua.

Na Líbia após uma intensa guerra civil, entre as forças leais a Muamar Kadafhi e os rebeldes auxiliados pelo Ocidente, aquele foi capturado e morto. No meio de tanta violência bom rumo não é esperado, sendo já afirmado que a democracia não é esperada para esta região, dada a existência de imensos grupos armados como ainda de imensa fragmentação social.

Na Síria a repressão continua, tal como no Iémen e Bahrein, e após a queda de Kadafhi, é na Síria que o Ocidente tem os olhos postos, apesar de estar fora de questão qualquer acção militar.

Marrocos, Argélia, Jordânia e Omã conseguiram controlar os protestos iniciais encetando várias reformas e assim apaziguando os protestos.

Em jeito de conclusão, e como muitos intelectuais defenderam assistimos sem dúvida a efeitos dominó. Durante os protestos muitos dos slogans e símbolos foram partilhados e adaptados nos vários Estados. Provavelmente assistiremos ainda a efeitos boomerang, e a um possível retrocesso ao passado em determinados locais. Mas a incerteza quanto ao futuro da “Primavera Árabe” continua a pairar.

4 comentários:

  1. Mas que estapafúrdio que está aqui escrito. Ou a autora não percebe patavina da região e dos acontecimentos, ou pior, é uma mitomana incorrigivel.

    Então não sabe que essa tal guerra civil na Líbia nunca existiu?

    Não sabe que na Siria os protestos são pagos e dirigidos do exterior? Diga qual o país dito democrático que permitia manifestantes armados em protestos de rua assassinando policias?

    Quais foram as mudanças em Marrocos? Argélia? Barhein? Yemem? Só mais repressão surda. E no Irão quando foi que aconteceram esses protestos que cita? Esqueceu-se da Arábia Saudita?

    Quando se tem que obedecer servilmente a quem passa o cheque no fim do mês, escrevem-se perolas destas meio verdades meio mentiras.

    Até breve.

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  2. Muito bom enquadramento, Teresa± Gostei bastante! Nestas coisas, os factos falam msm por sim, mas conseguiste reuni-los e compará-los da melhor forma!

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  3. Excelente Teresa. Todos os seus comentários parecem-me excelentes. Não preste atenção aos comentários feitos com intenção maliciosa. Algumas pessoas vêem nos outros aquilo que realmente são.

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  4. Malagueta. Eu quero saber quem lhe paga para escrever estas opiniões tão ruim. Você pode expressar sua opinião, mas não desta forma. Em psicologia você não tem conhecimento. Você não sabe o que a mitomania.

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